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Mindelo: venha fazer um passeio literário

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"Revista de Cabo Verde", "Claridade", "Ponto & Vírgula". Revisitar os lugares onde moraram, trabalharam ou se reuniram alguns dos fundadores e colaboradores destas três revistas é o propósito deste passeio literário pelo centro histórico de Mindelo. Com a Dra. Ana Cordeiro. Inscrições já abertas no Espaço Camões do CCP. Vagas limitadas.


Em Mindelo, foram publicadas três revistas que marcaram de forma indelével a vida literária e cultural de Cabo Verde: Revista de Cabo Verde, Claridade e Ponto & Vírgula.
A Revista de Cabo Verde (jan. a dez. de 1899) foi um projeto claro de construção de uma identidade cabo-verdiana, tanto do ponto de vista cultural como político, que se revelou determinante na divulgação e valorização dos escritores e intelectuais cabo-verdianos do século XIX. 
A Claridade, Revista de arte e letras (març. de 1936 a dez. de 1960) introduziu o modernismo em Cabo Verde e foi um marco na história literária das ilhas pelo seu papel na afirmação e diferenciação de uma literatura nacional. 
Ponto & Vírgula, Revista de intercâmbio cultural (fev/março de 1983 a dez. de 1987), foi
uma revista que afirmando-se embora herdeira da Claridade, teve o grande mérito de abrir as portas da cultura e literatura cabo-verdianas ao pós-modernismo.

Revisitar os lugares onde moraram, trabalharam ou se reuniram alguns dos fundadores e colaboradores destas três revistas é o propósito deste passeio literário pelo centro histórico de Mindelo.


NOTA: texto de divulgação



Querem vender bebidas alcoólicas às crianças no Mindelo?

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Todos sabemos que há uma grande distância entre quem cria as leis, quem as aplica e fiscaliza e quem quer vantagens económicas em relação ao seu descumprimento. Este é o caso que tem acontecido em São Vicente em relação à publicidade de bebidas alcoólicas perto de estabelecimentos de ensino. 

As pessoas que fizeram o Código de Publicidade (Decreto Legislativo Nº 46/2007, de 10 dezembro de 2007) tinham a intenção de preservar os menores de serem expostos à publicidade do álcool. Isto é comprovado claramente no Artigo 22º que fala sobre a publicidade em estabelecimentos de ensino ou destinada a menores:

É proibida a publicidade a bebidas alcoólicas, ao tabaco ou a qualquer tipo de material pornográfico em estabelecimentos de ensino e sua área circundante, bem como em quaisquer publicações, programas ou actividades especialmente destinados a menores.

Mas parece que quem anda a colocar publicidade de álcool ao redor de escolas primárias não leu nenhum dos estudos que mostram um aumento do consumo precoce do álcool e de outras drogas em Cabo Verde. Depois de ver esta imagem abaixo fico sem saber como é que se pode falar na prevenção do consumo de bebidas alcoólicas para menores em idade escolar:

Esta publicidade está junto à Escola Primária da Ribeirinha, no Mindelo, numa clara infracção 
(foto da Ailine F.)

Agora, as entidades que licenciaram foram a Assembleia Municipal com a aprovação da Câmara Municipal de São Vicente, de acordo com o artigo 27º do mesmo Código:

1. A afixação de mensagens publicitárias está sujeita a licenciamento municipal.
2. Compete às assembleias municipais, para salvaguarda do equilíbrio urbano e ambiental nas respectivas áreas de jurisdição, definir os critérios de licenciamento aplicáveis à afixação de mensagens publicitárias.


Neste caso em que se verifica a publicidade junto de estabelecimentos de ensino, quem deve fiscalizar é a Agência de Regulação Económica, a Policia ou até mesmo a Autarquia se reconhecer que errou. Basta ler o Artigo 63º que fala sobre a fiscalização:

Sem prejuízo da competência das autoridades policiais e administrativas, compete especialmente ao órgão regulador do sector a fiscalização do cumprimento do disposto no presente diploma, devendo-lhe ser remetidos os autos de notícia levantados ou as denúncias recebidas.


Entretanto, caso a empresa de cerveja tenha colocado a publicidade sem o consentimento das autoridades competentes, esta é uma boa altura para fazerem um dinheirinho se conseguirem a coima que vai de 700 000$ a 2 000 000$ por o infractor ser pessoa colectiva. Sempre era bom para uma Câmara Municipal que está cheia de dívidas…


Três crioulos na América restauram e oferecem ambulância para Cabo Verde

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Os irmãos João, José e Paulo Soares, nativos de Cabo Verde, restauraram uma ambulância comprada em leilão e agora vão oferecer o veículo ao nosso país. 

Steve McCall proprietário de McCall Ambulância, na esquerda, José Soares e seu irmão João Soares, co-proprietários de Soares Irmãos Auto Body, com a ambulância restaurada para uso em Cabo Verde

Residentes em Brockton (Massachusetts), estes crioulos despenderam mais de 100 horas na reparação auto e ainda investiram mais de 7 mil dólares em equipamentos. Ainda receberam a doação de mais de 10 mil dólares em equipamentos, maca, máquina de desfibrilação automática, tanques de oxigénio entre outros para a tornar totalmente abastecida. 

"Apenas estamos a tentar fazer uma coisa positiva", disse José Soares.

A ambulância deverá ser entregue na cidade de São Filipe, ilha do Fogo, dentro de quinze dias.

Eu vi aqui no The Enterprise


Helder Antunes: de Mindelo para dirigir espectáculo teatral no Brasil

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Helder Antunes - Director Teatral
Helder Antunes, actor natural de Mindelo (Cabo Verde), assume a direcção da peça teatral, “A Harpa de Erva” que é encenada e apresentada no Teatro da Ubro em Florianópolis, no Estado de Santa Catarina, Brasil. A estreia acontece dia 14 e conta com um vasto elenco brasileiro.

“A Harpa de Erva” é dramatizada a partir do livro de Truman Capote e resulta da final do módulo de teatro do Curso Profissionalizante de Interpretação para teatro, TV e Cinema da Escola Aktoro, da qual Helder Antunes é professor. Foram quase três meses de ensaios e a peça tem a duração de uma hora e 15 minutos.

Entretanto, esta não é a primeira experiência de Antunes como Director de Teatro. Este jovem criativo que também é modelo dirigiu “Dissimulações Obscénicas”, de Mário César, e apresentado no palco principal do Festival Internacional Mindelact’2013, junto com o grupo da ilha do Fogo, SEM Nexo. Licenciado em Teatro pela universidade do Estado de Santa Catarina, Antunes também dirigiu “Canto a Cabo Verde”, poema de David Hopffer Almada, e também a peça “Exame”, de Ruy Jobim Neto.

Produtor cultural muito conceituado na sua ilha natal, São Vicente, Helder recebeu o convite de um dos mais conhecidos preparadores de elenco do Estado de Santa Catarina, Gringo Starr, algo que aceitou sem pensar duas vezes por ser aquilo que sempre quis após terminar a sua formação. Curiosamente, Helder Antunes faz dupla com a professora de Teatro, Taina Froner, que foi sua colega no filme “Tesouro do Morro da Igreja” (2012), juntamente com Gringo Starr.

Mesmo sem querer revelar o final, Helder Antunes fala um pouco sobre o que se pode esperar daquilo que considera ser uma história de amor, decepção familiar e reencontro de uma família:

Sinopse da peça

A peça conta a historia de uma família americana, em que a irmã mais velha, a Verena, trabalha muito e é ela quem mantem a casa. Dolly sua irmã, mais nova, fica cuidando da casa, enquanto Verena trabalha... a Dolly fica em casa, tendo como companhia a Catherine e do Collin. Catherine foi adotada e vive na casa deles há anos, e é tratada por Verena como se fosse uma empregada, e ela está em conflito permanente com a Verena, dado a esse tratamento. Collin é um jovem de 15 anos, meio sem noção que só quer beber, fumar e mulheres, e esse seu comportamento incomoda muito a Verena. Chega a um determinado ponto que a Dolly, cansada de ver a sua irmã Verena, tratar mal a Catherine e o Collin, resolve sair de casa, junto com os dois e eles vão morar numa casa da árvore. Verena sente muito esse choque de estar em casa sozinha, e vai a procura de Dolly, pedindo que ela, Collin e Catherine voltem a morar com ela, também porque ela se encontra muito doente. 


Elenco de “A Harpa de Erva”

Direção: Hélder Antunes
Assistentes de direção: Fernando Villa e Nelson Félix 
Pesquisa Sonora: Cristiano Welaski e Leonardo Souza 
Operação de som: Helder Antunes 
Direção de arte, cenografia, figurino e maquiagem: Fernando Marçal 
Assistente de arte e adereços: Hélida Lima Maycon Serpa, Juliana Ferrari e Mel Hartmann 
Assistente de cenografia: Cristiano Welaski 
Desenho e operação de luz : Roga Rodrigues 
Produção: Fernando Villa / Aktoro 
Interpretação: Maycon Serpa, Juliana Ferrari, Cacá Leoni, Mel Hartmann, Fernando Marçal, Fernando Villa, Nelson Felix, Jason Parker, Lídio Ramalho, Cristiano Welaski, Hélida Lima, Leonardo Souza


Saiba mais sobre Helder Antunes aqui


ARtista precisa de ar

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Para se ser artista é preciso ar, muito ar. É sair para ler as pessoas e não somente ler das pessoas. Claro que sem referências não é possível traduzir as sensações, mas apenas referências transforma a pessoa num mapa. Isto implica tornar-se um espaço para ser explorado pelos outros e se perde a aventura de ser o próprio explorador.

Vale de São Domingos, ilha de Santiago (Cabo Verde)

Ser artista não é ser intelectual

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Ser artista não é ser intelectual; não é falar difícil. Pelo contrário, é falar tão fácil que as pessoas tenham dificuldades em entender. Porque as sensações não são ditas em complicados esquemas linguísticos. Basta notar o exemplo de um sorriso que qualquer um pode identificar e compreender que um africano, europeu ou asiático está a sorrir.

Complicação de teias de aranha, São Domingos, ilha de Santiago (Cabo Verde)

"Cabo Verde: um ar de paraíso" estreia hoje na França e faço parte da produção

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O documentário "Cabo Verde: um ar de paraíso" estreia esta quarta-feira (15) no canal francês FranceÔ (as 20h46) e é com muita alegria que fiz parte da equipa de produção. Durante um mês fiz as propostas de reportagem na ilha de São Vicente e os contactos para que nos dez dias de filmagens se pudesse fazer toda a produção.


Extrait : Cap Vert - Documentaire #Investigationspor franceo

Trabalhei junto com os realizadores, Charles Baget e Patrick Dedole, que fazem parte da produtora francesa “EASY COMPANY - MEMENTO” para realizar um documentário de 54 minutos de nível profissional que procura retratar a realidade social de Cabo Verde. A pretensão não é mostrar um cartão postal turístico nem mesmo dar uma visão negativa do país mas procurar ser o mais fiel possível ao retrato desta sociedade multicultural e cosmopolita. 

O realizador, Charles Baget, a acompanhar a Parada Gay no Mindelo para o documentário

Esta empresa de produção dirigiu inúmeros documentários filmados no exterior e que são transmitidos nos canais televisivos Planeta TV, ARTE, France 5 e Canal+, entre outros. Esta nova série de documentários intitulada "Um ar de paraíso"é dedicada aos arquipélagos de Madagáscar, Nova Caledônia e Cabo Verde e o objetivo é mostrar a realidade social, cultural e económica das ilhas paradisíacas.


Sinopse do documentário "Cabo Verde: um ar de paraíso"

Verdadeiro paraíso fora da África Ocidental, Cabo Verde está a atrair cada vez mais turistas. Com suas praias de areia fina e seus hotéis all inclusive a baixo custo, a ilha do Sal, a mais turística do arquipélago, tem todos os ingredientes para o desenvolvimento do turismo de massa. No entanto, por trás do cartão-postal o país está lutando contra a pobreza extrema e também contra certos tipos de tráficos. Os realizadores Charles Baget e Patrick Dedole fizeram uma investigação sobre a realidade caboverdeana. 


Quando o vídeo estiver disponível vou partilhar aqui no blogue.


É por isso que não me revejo no documentário "Cabo Verde: um ar de paraíso"

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Após conseguir assistir ao vídeo, declaro que não me revejo no documentário "Cabo Verde: um ar de paraíso" por razões próprias. Em baixo um extrato do vídeo:



Extrait : Cap Vert - Documentaire #Investigationspor franceo



O vídeo pode ser feito download aqui

Quando fui contatado por Patrick Dedole, a produtora francesa me disse que seria um documentário enquadrado numa série dedicada aos arquipélagos de Madagáscar, Nova Caledônia e Cabo Verde para “retratar a realidade social de Cabo Verde” e procurar ser “o mais fiel possível” ao retrato desta sociedade multicultural e cosmopolita. Para minha surpresa vejo que se trata de uma reportagem investigativa para um programa com foco no narcotráfico, máfia, criminalidade, espionagem, poluição e terrorismo e que faz o paralelo apenas com a realidade da Nigéria. Bem diferente daquilo que me garantiram e de que seria divulgado na série "Um ar de paraíso" com o objetivo de mostrar a realidade social, cultural e económica das ilhas paradisíacas.

A apresentadora do programa antes de lançar o vídeo "Cabo Verde: um ar de paraíso" 

Quando lhes enviei as propostas de reportagem aceitaram e fizemos uma agenda. Durante 10 dias estive com o jornalista francês, Charles Baget e estes foram os temas abordados com entrevistas filmadas:

- o impacto do Porto Grande na economia de São Vicente (com entrevista no local com os responsáveis)

- a capacidade de intervenção e patrulhamento da Guarda Costeira nas águas nacionais (em que se incluía entrevista com seu comandante na ilha e visita a todas as embarcações);

- acompanhamos os responsáveis de organizações não governamentais que estiveram reunidos no Mindelo e entrevistamos vários deles para falar sobre os problemas que o país atravessa. No local ainda questionamos o Primeiro-ministro, José Maria Neves, sobre os problemas levantados pelas ONG’s.

- o sonho de uma jovem caboverdeana (acompanhamos uma jovem que é apaixonada pelo futebol e que estava a fazer o curso de árbitra para mostrar um sonho com um rosto humano nas ilhas);

- acompanhamos a Parada Gay de Mindelo e entrevistamos vários homossexuais sobre as dificuldades enfrentadas no país e suas revindicações; 

- estivemos toda a festa de San Jon, na Ribeira de Julião, a filmar os festejos religiosos e profanos e a entrevistar pessoas em meio ao rufar dos tambores para mostrar esta faceta crioula;

- acompanhamos um dos responsáveis da Selecção de Futebol de Cabo Verde (camada de formação) para falar do sonho dos jovens em se tornar profissionais de futebol. Estivemos com ele enquanto assistia ao jogo do Mundial entre Portugal e Gana e no outro dia acompanhamos a final do Campeonato de São Vicente em Juvenis em que se sagrou campeão.

- a vida nocturna de Mindelo (entrevistamos responsáveis de espaços e acompanhamos na madrugada uma jovem que pratica striptease e faz a vida na night para financiar os estudos superiores. Estivemos com ela na sua universidade a mostrar (também) sua força de vontade para estar de manhã cedo a estudar após uma noite sem dormir);

- acompanhamos um jovem artista que toca instrumentos de corda. Estivemos com ele na sua actuação na Casa da Morna e no outro dia passamos uma tarde inteira na casa dele onde tem um estúdio musical caseiro e no qual se fez acompanhar por um conhecido cantor da ilha para se falar sobre a música feita em Cabo Verde;

- estivemos com os pescadores para sentir o pulsar da Rua da Praia e acompanhamos um frequentador do local que nos falou sobre esta forma de estar dos pescadores e do grogue do bar “Boca de Tubarão”

- entrevistamos um responsável de uma organização de defesa do ambiente que criticou os problemas ambientais e a pesca ilegal (no memento da entrevista estávamos no cais e estava-se a descarregar o atum e as barbatanas de tubarão);

- a parte sobre os ex-membros das gangs tinha sido feita na prespectiva de mostrar o trabalho de Frei Silvino ao ajudar os jovens a encontrar um novo rumo de vida. Claro que se iria falar da experiência dos gangs e da intervenção policial. Entretanto, apesar de quase dois meses de tentativas, a Policia Nacional não colaborou e por isso ficou apenas com a versão dos jovens que estiveram em conflito com a lei. 


O jornalista francês não conseguiu entrevistar os responsáveis da Policia e nem filmou qualquer actividade dos “Ninjas”. Apesar disso, todo o vídeo é construído com imagens dos “Ninjas” captadas para o documentário “Pacificadores”. Este então decide fazer uma espécie de investigação actual com imagens antigas.

Supostamente meu nome deveria aparecer na ficha técnica (agora já não sei até que ponto isto é mau). Sem querer parecer desleal devo reafirmar que não me revejo neste trabalho audiovisual. Fui contratado para apontar os temas a serem abordados em São Vicente num documentário e em nenhum momento me foi dito que se tratava de uma “investigação jornalística” com estas características. Claro que desde o início sabia que não teria qualquer controlo sobre a edição ou o rumo do vídeo mas não era isto que estava a espera. Minhas dúvidas agora são:

1) quando o jornalista veio a Cabo Verde não sabia qual o programa que estava a produzir por isso filmou coisas desnecessárias e que não tinham nenhum interesse para a produção?;

2) o jornalista filmou coisas interessantes e que serviriam para o vídeo mas fez alguma asneira na filmagem ou perdeu os vídeos (e suas respectivas cópias)?;

3) o jornalista tinha uma agenda própria desde o princípio?


Contudo, o vídeo em si não fala mais do que aquilo que nós sabemos acerca dos problemas da delinquência juvenil e da falta de qualidade e quantidade da água. 

O vídeo esteve disponível durante um tempo através da conta de Djay Gomes mas foi retirado do Youtube por solicitação da produtora por razões de direitos de autor.




Democracia, cidadania e legalidade democrática: para que o voto não morra na urna!

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1. Nem so das urnas vive a democracia!

David Leite - diplomata
Num precedente artigo (o segundo desta série) referia-me à propagacão do sufrágio universal no mundo desde a queda do Muro de Berlim (1989), relevando porem uma evidência menos gratificante: nem sempre a democracia é transparente la onde se pratica.

Falhas? Haja em vista o conceito de democracia na mente daqueles que a proclamam: simples direito constitucional de votar e ser eleito? Assim é para muito boa gente, contentando-se com a (possibilidade de) alternância na governação. Silogismo redutor: vota-se, logo alterna-se – logo, ha democracia. E chamam a isso... exercício de cidadania!

Objecção! Pobre democracia se ficasse confinada a um vulgar cálculo aritmético consubstanciado nas urnas, em que simplesmente uns ganham e outros perdem! CIDADANIA, é bem mais do que isso: é o que faz a diferença entre o acto de votar e um ideal de justiça e liberdade que se projecta, para lá do encerramento das urnas urnas, na igualdade de direitos e oportunidades para todos os filhos da Nação.

Por isso, democrata que se preze não se satisfaz com cálculos e critérios puramente eleitoralistas!

2. Os votos não justificam os meios!  

Democracia é cidadania sim senhor!, quando valores e princípios universais preexistem às urnas e lhes sucedem; ética e respeito no exercício da política, que que não se esgotam em eufóricos discursos de campanha mas se reflectem na acção governativa. Assim, o comportamento vis-à-vis do fenómeno eleitoral não reflecte apenas as ambições, mas sobretudo a ética, de cada um: é o que faz a diferença entre vontade de servir e vanglória de mandar; entre candidatos abnegados e interesseiros arrivistas – desses que vêm no Poder uma caverna de Ali Babá, e no voto um simples “césamo” para entrar nela!

Se a democracia se exprime através do voto, outra coisa é a legalidade democrática. Para que esta transpareça das urnas, o civismo republicano que se espera dos cidadãos não dispensa a responsabilidade tutelar e jurídica do Estado. Emana essa responsabilidade do sacrossanto princípio da separação de poderes e da independência da Justiça... se todavia o Estado/Governo for capaz de se abstrair do(s) partido(s) em que assenta a sua soberania. Uma justiça imparcial (e despartidarizada) habilita-se a inquirir com isenção num processo eleitoral com indícios evidentes de corrupção: denúncias de fraude, financiamentos ilícitos, manda investigar! Queixas por ultrage, manda indagar: se ha culpados, sanções! Se ha calúnia, reparação em juízo para as vítimas! Dinheiros de narcotráfico a financiar campanhas, não é uma acusação anódina numa democracia digna desse nome. Um Estado de direito democrático combate a miséria, não permite tirar proveito dela, comprando ou subornando a consciência de pobres coitados para ganhar votos! E não deixa “votar” os mortos! Uma democracia assombrada por votos “fantasmas”, só os seus “mediums” a podem invocar – e tirar proveito dela!

3. Boletim de voto não é cheque em branco!

Mais uma análise simplista e enviesada: não é porque venceu, incólume, o desafio das urnas que a democracia está fora de perigo! Infelizmente, eleições exemplares e transparentes nem sempre constituem garantia de que ela não ha-de morrer sacrificada a ditames clientelares e nepotistas! Ou então, “vendida” ao grande capital (não é raro no Ocidente dito “democrático”), por isso ao seu serviço e talhada à medida de suas ganâncias... desmedidas.
Por isso, o verdadeiro desafio, o mais exaltante, não é o das urnas mas aquele que começa no “day after”. É digno desse desafio o Eleito que vir no boletim de voto um compromisso com a Nação, e não um cheque em branco que possa preencher a seu bel-prazer! Nem moeda de troca com que haja de saldar dívidas, recompensar favores de bastidores e privilegiar confrades. Nobre desafio esse, que implica resistir à tentação de sujeitar o cidadão a fidelidades partidárias!
Assim, mesmo o mais votado dos eleitos não ha-de de estribar-se no mandato – temporário! – das urnas para o açambarcar em proveito de alguma elite ou grupo. Não numa sociedade que dá voz e espaço à livre expressão – por isso evoluída, por isso esclarecida, de cariz democrático.
Mas uma sociedade democrática digna desse nome não se contenta com espairecer-se no debate aberto e na livre confrontação de ideias e opiniões. Uma sociedade democrática leva o selo da CIDADANIA, traduzida na igualdade que emana do respeito pela diferença: igualdade de direitos e oportunidades segundo o mérito de cada um, abstração feita de convicções e credos individuais.

O Eleito que se mostrou à altura do desafio da cidadania, terá compreendido que o melhor voto não é o das urnas, mas a consideração e o reconhecimento das pessoas que o elegeram!

Debate democrático? Muito bem! Mas sem o selo da cidadania, pouco importa a liberdade de expressão e de consciência ! Tudo isso será pura demagogia se se onerar de discriminações sibilinas, com repercussão no emprego, na carreira ou no trato. A própria democracia rima com demagogia quando o próprio poder político, em vez de unir os cidadãos, os opõe e os discrimina: haja em memória a nossa própria vivência como Nação independente, que por maniqueismos políticos nasceu dividida, e ainda hoje carrega o fardo deste pecado original! 

Num Estado de direito democrático não há “melhores filhos” em título – nem melhores netos, nem “filhos de fora”! Há sim, como em qualquer país, patriotas sinceros e oportunistas, profissionais competentes e aproveitadores, gente honesta e gente velhaca. Os que aspiram à governança ou vivem dela, nem por isso são “melhores”, nem mais patriotas, do que aqueles que se contentam com o seu trabalho! Uns simplesmente trabalhando, outros no exercício ou na disputa do Poder, outros desinteressadamente escrevendo e opinando (e sofrendo as consequências), cada qual contribui como pode para uma democracia mais esclarecida e mais... “cidadã”.

Na batalha das urnas, o Povo soberano sabe discernir... mas o seu voto merece respeito! Para que a democracia não morra nas urnas, nem viva assombrada por votos “fantasmas”!

Mantenhas da terra-longe, 20 de outubro 2014

David Leite

"Adão e Eva", teatro de Cabo Verde apresentado em Macau

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No âmbito da 6ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, a Companhia de Teatro Sikinada (de Cabo Verde) foi convida a apresentar a peça "Adão e Eva" na Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa, que decorrerá de 24 a 27 de Outubro em Macau.

A peça de 55 minutos será apresentada nos dias 26 e 27 de Outubro no Auditório do Instituto Politécnico de Macau.

"Adão e Eva" - foto de Bob Lima (Tchon Kriol)

Para além do grupo Caboverdiano, participarão a Companhia Henrique Artes (Angola), Em Cartaz (Brasil) e GTO (Guiné-Bissau).


Sobre a Peça:
“ADÃO E EVA” - 5ª Produção Teatral de SIKINADA - Companhia de Teatro 


Sinopse

… que rumo terão tomado, depois de terem sido expulsos do Paraíso?
Um destino possível…

Numa linguagem poética, a peça leva-nos numa envolvente viagem pelos primeiros momentos após a expulsão de Adão e Eva do paraíso, retratando a tomada de consciência da realidade das coisas, de si próprios e das dificuldades que se preparavam para enfrentar…

Uma abordagem contemporânea de uma temática clássica.


Ficha Técnica/ Artística

Texto Dramático de: MÁRIO LÚCIO SOUSA
Encenação: JOÃO PAULO BRITO
Interpretação: JOÃO PAULO BRITO e RAQUEL MONTEIRO
Assistência de Encenação: ELISABETE GONÇALVES e ELIZABETH FERNANDES
Direcção de Actores: ELISABETE GONÇALVES
Direcção de Movimento: ELIZABETH FERNANDES
Cenografia, Figurinos e Adereços: BENTO OLIVEIRA e ELISABETE GONÇALVES
Vídeo: CÉSAR SCHOFIELD CARDOSO
Iluminação: PAULO SILVA
Sonoplastia: JOSÉ PEDRO BETTENCOURT
Produção: VERA DE DEUS
Concepção Gráfica: BENTO OLIVEIRA e CÉSAR SCHOFIELD CARDOSO 


Álbum de lançamento dos "TMP BOYZ" com muita música e até polémica

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“Com-Sume Bauss” é o nome do primeiro álbum lançado em Outubro pelos “TMP Boys”. O grupo musical de Mindelo que é composto por Arybeatz, Yuranbeatz, Raybeatz e Totchi tem animado inúmeras actividades e espectáculos desde 2013. Apesar de alguma polémica e dúvidas, o grupo pretende divulgar o seu trabalho pelas ilhas de Cabo Verde. 

O álbum pode ser feito download aqui

Tudo começou alguns anos atrás como um simples grupo de dança, os “The Maskers Production – TMP” e que sempre esteve ligado à música quer como Djs, ou dançarinos. Em 2013 lançaram duas músicas “Tatanha” e “Jabutre”. Pela reação positiva das pessoas tiveram que continuar até chegarem a este álbum. 


"Com-Sume Bauss" quer ser o espelho da sociedade mindelense

Segundo Arybeatz, baptizaram o álbum com o nome de “Com-Sume Bauss” já que espelha a realidade da sociedade mindelense. “São cenas que se passam entre amigos, algo do nosso quotidiano”, afirma o mesmo.

Apesar de terem um estilo musical mais associado às discotecas com ritmos do “afro-house”, “afro-dubstep” e o “sout”, o grupo assume que as suas letras têm mensagens positivas que permitem compreender o que se passa na sociedade.

Até agora a principal ambição do grupo, que era o lançamento do seu álbum, já foi conseguida, mas também garantem que não vao ficar só por aqui. “De momentos estamos a preparar um show para o dia 6 de dezembro no Mindelhotel (São Vicente), e lançar um videoclipe”, acrescenta Yuran.


A música é mais um passatempo

A dança e os estudos são algumas das actividades extras com que o grupo vai alternando com os espectáculos. Apesar de considerar a música um passatempo, Ary afirma levar a música “com toda seriedade”, mesmo que não a tenha como “um projeto de vida”. “Eu tenho os meus próprios sonhos e objetivos”, afirma Ary.

“Outro aspecto é que em São Vicente, neste momento, não dá para se viver apenas da música”, complementa Yuran ressalvando a necessidade de procurar uma ocupação que dê mais garantias para o futuro.

Yuran (a esquerda) e Ary são duas das vozes dos "TMP BOYS"


Dificuldades não entram cá

Um dos aspectos que prejudica muitos grupos musicais quando pretendem lançar trabalhos são os custos de produção e gravação de seus trabalhos, pois é um investimento que nem sempre é retornável.

Os “TMP-Boys” souberam como ultrapassar essas dificuldades, já que o seu domínio em grande parte de alguns requisitos da produção instrumental, bem como o seu próprio estúdio de gravação permitiram-lhes recorrer pouco a terceiros. “Não tivemos tanta dificuldade assim, já que tivemos alguma vantagem em relação a outros grupos, o nosso estúdio por exemplo”, garante Yuran.

“O álbum Com-Sume Bauss é o primeiro que lançamos, o primeiro de muitos” - Arybeatz

O álbum de 15 faixas conta com a participação de vários cantores, entre eles Naná, Kré, Dénise Ray (residente na Holanda), Pila, Papizou, Érica, Ninik e Dsenh. Na área de produção e mixagem destacam-se ainda a presença de Gaia, Golbeats bem como Naná.

O álbum encontra-se ainda disponível apenas em suporte de internet, mas segundo Ary já estão em projeto e provavelmente para o dia do espectáculo de lançamento do álbum terão conseguido algum stock de CDs. “Em Cabo Verde não dá para viver da música e hoje em dia ninguém compra os CDs, apenas se pergunta se se tem ou não CD”, reforça o mesmo.


Polémica com Golbeats 

Golbeats
Os dias que se seguiram ao lançamento do álbum foram marcados por rumores sobre um possível desentendimento com o produtor Amaral “Golbeats” Fortes, facto confirmado por Yuran. A polémica surgiu por causa da faixa “I Love Mindel”. “Golbeats falhou para connosco. Esperávamos que esta música fosse a melhor do álbum mas Golbeats deu-nos o instrumental (beat) e quando o som já estava pronto e fomos pedir o “beat” para compor a música, ele exigiu que deveria ser ele a fazer a mixagem”. 

Na opinião do grupo ele jamais poderia exigir aquilo, porque ao ceder o “beat” o produtor perdeu o direito de exigir o que quer que fosse em relação ao trabalho. “Caso ele nos tivesse vendido o beat seria a mesma coisa. Golbeats não poderia exigir nada, mas mesmo assim deixamos isso passar. A nossa surpresa chegou aquando o produtor foi mixar a faixa, pois ela veio com má qualidade, com coisas que não fariam qualquer sentido se fosse trabalhada por nós porque sabíamos o que queríamos para nós”, acrescentou Yuran.

Segundo o grupo, posteriormente tentaram aconselhá-lo a refazer a mixagem de modo a corrigir os erros mas estas tentativas foram simplesmente ignoradas. “Não atendia o telemóvel e não respondia às nossas mensagens”, complementou Yuran.

Entretanto, numa próxima oportunidade lançaremos o desafio para que Amaral "Golbeats" Fortes possa responder a essas críticas.

Já passaram por vários palcos, mas a ambição maior é chegar ao Festival da Baía das Gatas 

Segundo os elementos do grupo, o show que mais lhes marcou foi o Festival CVMóvel – Mindelo - em Junho de 2014. “Já estivemos em alguns outros palcos, inclusive Salamansa, Lazareto (localidades de São Vicente). Também já estivemos na ilha do Sal. Para o dia 15 de novembro estaremos em São Nicolau, depois rumaremos para o Sal e temos ainda um projecto para a Boavista”, acrescenta Yuran ao mesmo tempo que afirma que o objetivo de todos que cantam em São Vicente é alcançar o palco do festival da Baía das Gatas. “É o melhor palco de Cabo Verde. Cantar ali é um privilégio pra qualquer artista.”


Tão perto mas ao mesmo tempo tão longe 

Muito se falou sobre a possível presença dos TMP-Boys na Baía das Gatas em 2014, mas ao fim ao cabo, o convite por parte da entidade encarregada do festival nunca chegou. “Este ano sei que todos queriam, todos diziam e achavam que estaríamos lá. Chegavam em nós afirmando que estavam a nossa espera lá, mas nós não sabíamos de nada”, confessa Ary, garantindo que continuarão a trabalhar para esse fim, esperando que para o próximo ano talvez lhes chamem.

Neste caso, segundo o grupo, poderão ter ficado de fora dos planos para o Festival por ainda não terem qualquer álbum no mercado. “Entendo o motivo porque naquela época tínhamos o quê… apenas 5 músicas lançadas, apesar de termos outras do nosso álbum já gravadas e que podíamos até cantar”, conclui Yuran.

“Já começámos com o instrumental”, garante Yuran. “Daqui a pouco começaremos a escrever temas para que possamos dar início às gravações”. Dá pra se notar que, apesar de ainda estarem na ressaca do primeiro álbum, os “TMP-Boys” já estão a trabalhar para o próximo.




O artigo é da autoria de Jorge "Jason" Fortes - licenciado em Ciências de Comunicação (Jornalismo), pela Universidade Lusófona de Cabo Verde. 
Enquanto procura uma oportunidade no mercado de trabalho vai escrevendo sobre seus interesses na música e desporto...


Novas notas de Cabo Verde homenageiam gentes da cultura e política

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O Banco de Cabo Verde (BCV) vai emitir uma nova série de notas para homenagear figuras da cultura e da política do país.




"Cabo Verde tem entrado com frequência na SPORTTV" - Sérgio Sousa, editor-chefe da estação de TV

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Sérgio Sousa é o editor-chefe do canal televisivo Sport TV Portugal e tem a seu cargo a edição e apresentação dos principais serviços informativos da estação. Com cerca de 20 anos de carreira jornalística (15 deles com carteira profissional), Sérgio esteve na cidade da Praia (Cabo Verde) a dirigir um workshop sobre jornalismo desportivo para televisão no âmbito da segunda Conferência Nacional do Desporto (CND. Para além da formação (28 e 29 de Outubro), aproveitei para falar com ele sobre questões jornalismo desportivo e o seu ensino nas universidades.

Sérgio Sousa garante que as peças do jornalismo desportivo cabo-verdiano
teriam qualidade para serem emitidas na SportTV Portugal


DAIVARELA: Em primeiro lugar gostaria de lhe agradecer por esta entrevista ao blogue, tendo em conta que é uma pessoa que já está acostumada a grandes estações de televisão e transmissões de eventos mundiais.

SÉRGIO SOUSA: Sem problema. É com prazer.


Quem é o Sérgio Sousa?

A nível pessoal? Sabes que eu não gosto muito de falar sobre mim. A minha imagem pública é a mais importante. Acima de tudo sou uma pessoa que gosta do profissionalismo, de ser e estar com pessoas descontraídas e sobretudo gosto de estar com pessoas fieis. Acima de tudo á três coisas que considero importante: confiança, seriedade e profissionalismo e a boa disposição. 


Quais são os maiores desafios ao jornalismo desportivo neste momento?

Acima de tudo é a questão do jornalismo desportivo ser tratado como um jornalismo menor. As outras editorias, tais como sociedade, política e economia normalmente são mais valorizadas, especificamente na televisão, do que o jornalismo desportivo. Acha-se, e mal, que é um jornalismo menor porque diz mais respeito a coisas descontraídas, porque tem a ver com jogos e não especificamente com problemas de fundo de um determinado país ou continente ou do Mundo. Há essa tendência e isto porque o jornalismo desportivo mistura duas coisas importantes: a informação e o entretenimento. Contudo, permito-nos, acima de tudo, ter um palco privilegiado para podermos fazer um conjunto de coisas que as outras editorias não podem. Dou sempre este exemplo: o jornalista desportivo tem que fazer a cobertura de um julgamento, tem que ter noções de Medicina por causa das questões relacionadas com o dooping, tem que ter de Economia por causa dos fundos e afins e tem que estar preparado para um conjunto de áreas diferentes. Ou seja, o papel do jornalista desportivo é absolutamente fundamental.


Para ser jornalista desportivo – e tendo em conta esta noção de uma editoria menor – basta ter uma boa voz e aparência?

Não. Acima de tudo é preciso muita preparação. Em termos televisivos é importante teres uma boa aparência e trabalhares a tua voz mas é sobretudo importante estar preparado para qualquer eventualidade. Eu tenho falado no workshop em Cabo Verde: preparação e mais preparação. Não temos de saber de táctica como José Mourinho mas temos que saber interpretar a táctica que ele põe em campo. É muito trabalho de estudo prévio para se inteirar das características de uma determinadas modalidade, por exemplo. Isto é tão importante como ter uma boa imagem, voz e relação com a câmara, que também são trabalhadas.


Temos um histórico em Cabo Verde de não haver muitos jornalistas com formação de nível superior ou mesmo com especialidade nessa área. Para o jornalista desportivo: talento ou formação?

Eu não tive formação de jornalismo desportivo na universidade, por exemplo. Acredito que engloba um pouco das duas. Para já, uma abordagem empírica ao tema de forma que as pessoas vão aprendendo a medida que vão fazendo as coisas. A minha formação foi em Comunicação Social com especialidade em Jornalismo mas foi genérico. O jornalismo desportivo é vocação. Tens que gostar muito daquilo para se poder exercer. Como disse antes, o jornalista desportivo pode cobrir outras áreas mas quando um jornalista de outra área quer fazer desporto sente alguma dificuldade. Isto porque não estão habituados e não dominam o tema com frequência. 


Daquilo que já viu, temos muito que evoluir para ter uma reportagem nossa na SportTV Portugal?

O sucesso dos “Tubarões Azuis” entra e entrou na SportTV Portugal. Faz sentido porque também chegamos cá. Por exemplo, no programa “Forum SportTV” recebo muitas participações de Cabo Verde. Mando muitas vezes abraço para Cabo Verde para as pessoas que nos estão a ver aqui porque sei que é importante esta ligação. Ou seja, Cabo Verde tem entrado com frequência na SportTV.


Mas as nossas peças jornalisticas têm a qualidade técnica?

Ao nível do desporto há peças que podem entrar, feitas sobretudo por pessoas que estão aqui. Pelo que percebi há apenas um jornalista na Televisão de Cabo Verde (TCV) dedicado apenas ao desporto, que é o Victor Hugo fortes. De forma empírica conseguiu assimilar um conjunto de técnicas que lhe permitem fazer um resumo de um jogo em condições de entrar, por exemplo no Jornal da SportTV. Não tenho a menor dúvida. De resto, há que evoluir na tal transição das pessoas que colaboram na Rádio e que depois aplicam seus ensinamentos na Televisão. Um texto muito de rádio na televisão não funciona muito bem. Mas as coisas estão a evoluir e seria completamente possível.


Foram dois dias de trocas de experiências com jornalistas ligados ao desporto de Cabo Verde


Há necessidade de ser-se especializado no jornalismo desportivo?

Tem que ser especializada para poder estar por dentro dos assuntos específicos ligados ao desporto.


E é uma boa carreira?

Depende do ponto de vista. Para quem gosta e tem vocação, claro que sim. Naturalmente priva-nos e muita coisa: tempo com a família e das pessoas de quem gostamos. Priva-nos dos fins-de-semana que é quando há desporto em abundância. Priva-nos de muitas noites da Liga dos Campeões e Campeonatos Europeus e afins. Mas quem corre por gosto não cansa.


Tem acompanhado estas mudanças que os New Mídias têm introduzido no jornalismo. As novas tecnologias de comunicação conseguiram transformar o jornalismo desportivo?

Claro que sim. Sobretudo no imediatismo. Aquilo que antes vinha nos jornais no dia seguinte agora tem que vir imediatamente após os acontecimentos.


O ensino superior está a dar os primeiros passos em Cabo Verde, em especial na Comunicação Social e Jornalismo. É possível ensinar Jornalismo Desportivo?

É possível e deve-se ensinar e é precisamente por isso que vim para Cabo Verde. Porque aprendendo com a realidade – e há autores que falam disso – devemos adquirir um conjunto de técnicas e truques para poder transmitir isso às pessoas que estão a começar. São coisas essenciais na feitura de um resumo de um evento, na narração de um jogo, na antítese entre narração e comentário, na própria linguagem televisiva que de forma genérica pode e deve ser aplicado ao jornalismo desportivo. Ou seja, há aqui um conjunto de princípios que são importantes para que cada um possa criar seu estilo próprio e evitar cometer os erros que os outros fizeram quando começaram suas actividades.


Esteve a observar um pouco daquilo que se produz em Cabo Verde no jornalismo desportivo. Notou que temos mais necessidade em desenvolver a parte técnica, a linguagem televisiva ou outro aspecto?

Eu vi – e acho que é o melhor exemplo que lhe posso dar – uma grande dificuldade, sobretudo porque há partilha de meios entre a rádio e a televisão [na Rádio e Televisão de Cabo Verde], então a maior dificuldade é saber separar as águas. Tivemos exercícios no workshop que diziam respeito a forma de fazer o resumo televiso. O que assistimos é que há um texto que é lida de forma radiofónica e depois as imagens do jogo são colocadas a seguir, quando deveria ser exactamente o contrário. Há aqui um espírito da rádio muito intenso que normalmente não resulta na televisão. E há um conjunto de erros que de facto são cometidos – e eu não os vou descrever agora porque durante a formação falamos sobre isso – e que devem ser corrigidos. Acredito que é uma questão de mentalidade e de actualização daquilo que é fazer informação e jornalismo desportivo em televisão. Isto é mais importante do que os meios técnicos. Esses são importantes, bem como espaço e tempo para que o jornalista possa usufruir da melhor forma a sua actividade. Mas vejo que aqui há um conjunto de matérias bastante evoluídos, há um sistema que até é bastante interessante. Essencialmente, nesta altura é uma questão de mentalizar as pessoas para os tempos modernos e para uma série de desafios que aí vem. Mas é também uma questão de formação específica dos jornalistas nesta área do desporto.


Mas é possível esta mudança nas pessoas que já tem todo um percurso a fazer de uma forma com vícios ou isto só será possível com a nova geração de jornalistas desportivos?

Espero que seja possível alterar alguns dos vícios. Sei que não é fácil quando se está há muitos anos a fazer as coisas de uma determinada maneira. Mas isto depende da vontade e do espírito de cada um. Se eu que já tenho tantos anos de profissão quero fazer as coisa de de outra forma, posso fazê-la. Mas se sou uma pessoa acomodada e não aceito que outra pessoa me diga para fazer de outra maneira, nunca vou conseguir.

A nova geração é importante. Ainda mais tendo acções de formação como esta e aprendendo nas universidades e com uma cultura de trabalho específico do jornalismo desportivo na televisão e com novas ideias será mais fácil para as novas ideias serem implementas. Para quem já é de outra geração será uma questão de formação pessoal: ou se é capaz de ultrapassar essa barreira e querer aprender algo mais e aceitar que é possível fazer as coisas de forma diferente. Ou então, quem não quiser evoluir neste sentido irá ficar estagnado.

Evolução é necessária no jornalismo desportivo, recomenda Sérgio Sousa


Temos esta questão da parcialidade no desporto. O jornalista deve deixar claro por qual clube ele torce ou deve manter em segredo?

Isto é uma opção de cada um. No meu caso acho que não o deve fazer por um motivo muito simples: pode ser apanhado em directo numa circunstância que lhe fuja ao controlo e no desporto há um pouco de fundamentalismo. Sobretudo no futebol. Não por mim porque não teria problemas mas sobretudo por quem está do outro lado; o público não perdoa. E quando tratamos de coisas fundamentalistas que mexem com emoções e com paixão, as coisas podem ser levadas ao extremo. Ao estarmos associados a um clube podem-nos dizer que o trabalho foi todo direcionado nesse aspecto. Falando do caso português, disseram que sou do Benfica, do Porto e do Sporting. Resta saber quem poderia acertar.


Em Cabo Verde não temos um periódico impresso que seja dedicado ao desporto. Tendo em conta a experiência de Portugal, que dificuldades espera quem se lançar neste empreendimento?

Não sei se é fácil implementar um periódico. Vocês têm a questão difícil da insularidade. O que vejo é que a informação demora muito a chegar. Não há meios para se estar constantemente nas diferentes ilhas. Este é sobretudo um problema de difícil solução. Entretanto, considero que qualquer país tem espaço para um jornal diário dedicado ao desporto. Agora, temos exemplos de países como Inglaterra que não tem diários desportivos. No outro extremo, um país com 10 milhões de habitantes como Portugal tem três diários desportivos. Há que encontrar aqui o meio-termo mas tudo depende dos meios que se possa colocar à disposição deste jornal. Se puder estar presente nas ilhas todas para poder fazer um bom trabalho, vale a pena apostar. 


Nas universidades, os estudantes devem dar maior atenção às teorias ou é a prática que fará a diferença?

É a prática que fará toda a diferença. As noções teóricas – tenho insistido durante o workshop – podem nos ajudar em termos práticos. 


Como é que se ensina a crónica desportiva?

É muito difícil. Deixo isto mais para os especialistas dos jornais porque a crónica no impresso é completamente diferente da crónica na televisão. Isto vai um pouco além do âmbito do jornalismo. Um comentador ou cronista é alguém que emite a sua opinião e neste caso não estamos a entrar bem no domínio do jornalismo. Crónica é opinião e por isso há que se saber separar muito bem as águas entre o jornalista (que deve ser isento) e o cronista que dá a sua opinião.


Com as novas tecnologias temos pessoas a investir em blogues e sites dedicados ao desporto…

Vejo isto. Há muita gente a vir falar comigo e a dizer que estão a criar um blogue de desporto e acho isto óptimo.


Mas isto acarreta algum perigo para os meios de comunicação social tradicional?

Creio que não. Por exemplo, a televisão terá sempre seus directos que o grande público exige que sejam feitos na televisão. A principal discussão é entre os novos Mídias e o jornal impresso. Verifica-se até esta altura que não há substituto. Estes blogues poderão complementar com seu carácter de imediatismo.


DAIVARELA: Muito obrigado pela sua disponibilidade

SÉRGIO Sousa: Eu é que agradeço.


Um adeus, um muito obrigado e um até já

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Após abraçar novo projecto tornou-se mais difícil actualizar o meu blogue e é por isso que irei parar por aqui e por um tempo indeterminado. Muito agradecido pela atenção que me deram desde 2007 até agora. Até agora ultrapassamos as 731 mil visualizações de páginas e alguns milhares de comentários e outras partilhas.

O vosso amigo aqui, Daivarela, se despede com os dentes cascod

O espaço se mantém aberto para quem quiser consultar os artigos publicados ou reler algo que tenha gostado.
A partir de agora as novidades serão publicadas no novo Portal da Juventude que está no endereço: www.jovemtudo.cv

Vou continuar a escrever e a publicar mas agora será no site JovemTudo. Visita, dê gosto na nossa página no Facebook e acompanha.

O que é o Projecto JovemTudo?

O projecto JovemTudo é plataforma de informação digital cultural e profissional para a divulgação de acções culturais e ofertas profissionais (empregos e estágios) bem como a promoção que informa das acções dos jovens talentosos que abundam tanto em Cabo Verde como na sua diáspora. O objectivo é criar uma plataforma de informação digital que agrega as realizações artísticas da juventude caboverdeana e o ponto focal para serem vistos, ouvidos e lidos pelo grande público da Internet.

Este site de informação digital será um importante acervo para os produtores culturais, gestores de eventos, entidades públicas nacionais com foco na juventude e cultura e o público em geral que terá um papel interventivo e interactivo. Esta página pretende ser o ponto de encontro dos jovens que produzem e consomem produtos culturais mas que não têm espaço nos meios de comunicação social tradicionais.

Este é também um espaço para os jovens licenciados e estudantes de Comunicação Social para criarem seus portfólios virtuais de criarem nome no mercado antes de conseguirem o primeiro emprego. Este é um site colaborativo por isso aberto ao contributo daqueles que assim o entenderem.

Esta plataforma será como uma montra para as produções autónomas dos jovens criativos e funcionará à imagem de uma mostra de talentos. Será um espaço moderado para os comentários que não deixará lugar para comportamentos insultuosos ou ofensivos. Por outro lado, as opiniões e sugestões construtivas serão incentivadas, publicadas e discutidas.

Pode-se perspectivar várias e grandes vantagens com esta plataforma porque seu objectivo é dar a conhecer as criações artísticas de jovens criadores que não encontram espaço.

Conheça o Portal JovemTudo ao clickar aqui

Todas as leis sobre a Comunicação Social em Cabo Verde

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Conheça aqui o conjunto de leis e e Regulamentos relativos à Comunicação Social em Cabo Verde. Ainda podes baixar (fazer download) para fazer teu arquivo pessoal 

Se estou a esquecer de algum podes me deixar o nome no comentário para actualizar este artigo.


Nova Lei da Televisão em Cabo Verde
Lei nº 90/VIII/2015
Regula o acesso e o exercício da actividade de televisão, bem como a oferta ao público de serviços audiovisuais a pedido ou mediante solicitação individua

A presente lei tem por objecto regular o acesso e o exercício da actividade de televisão, bem como a oferta ao público de serviços audiovisuais a pedido ou mediante solicitação individual.

Estão sujeitas às disposições da presente lei:

a) Os serviços de programas televisivos condicionados ou não transmitidos por operadores que prossigam a actividade de televisão sob jurisdição do Estado de Cabo Verde;

b) Os serviços audiovisuais a pedido, disponibilizados por operadores que procedam à sua oferta sob jurisdição do Estado de Cabo Verde; e

c) Os operadores de distribuição, quando emitam ou actuem sob a jurisdição do Estado de Cabo Verde

Para os efeitos previstos na presente lei, considera-se «Actividade de televisão» a actividade que consista na organização, ou na selecção e agregação, de serviços de programas televisivos com vista à sua transmissão, destinada à recepção pelo público em geral.

Para baixar a Lei click aqui 



Lei da Comunicação Social
O objecto do presente diploma é o estabelecimento do regime jurídico para o exercício da actividade da comunicação social Este aplica-se ao sector da comunicação social e às entidades que exerçam essa actividade, sem prejuízo do regime jurídico especial que for estabelecido para cada tipo de actividade. 

A comunicação social abrange os meios e processos orais, escritos, sonoros, visuais, audiovisuais, electrónicos ou quaisquer outros de recolha, tratamento e difusão da informação e sua comunicação ao público, nomeadamente, as actividades de: 

a) Publicações periódicas, não periódicas e on-line; 
b) Radiodifusão e radiotelevisão; 
c) Edição e impressão de publicações; 
d) Produção de programas e documentários audiovisuais; 
e) Agências especializadas de notícias, de fotografias e de imagens; 
f) Publicidade; 
g) Documentação e arquivos; 
h) Sondagens. 

Para baixar a Lei click aqui




Autoridade Reguladora para a Comunicação Social
A Autoridade Reguladora para a Comunicação Social, abreviadamente designada por ARC, é uma pessoa colectiva de direito público, criada constitucionalmente, dotada de autonomia administrativa, financeira e de património próprio, com natureza de autoridade administrativa independente, exercendo os necessários poderes de regulação e de supervisão, semprejuízo da liberdade de imprensa.

Estão sujeitas à supervisão e intervenção da ARC todas as entidades que, sob jurisdição do  Estado Cabo-verdiano, prossigam actividades de comunicação social, designadamente

A ARC é independente no exercício das suas funções, definindo livremente a orientação das suas actividades, em estrito respeito pela Constituição e demais leis da República.

Para baixar a Lei click aqui




Regulamento do registo das empresas e meios da comunicação social
Decreto-Lei nº 45/2004:
Actualiza o regulamento do registo das empresas e meios da comunicação social e revoga o Decreto nº 52/87, de 13 de Junho. O registo tem por finalidades comprovar a situação jurídica dos órgãos de comunicação social, garantir a transparência da sua propriedade e assegurar a protecção legal dos títulos de publicações periódicas e da denominação das estações emissoras de rádio e de televisão

Ainda estipula o objecto do registo, a entidade competente para efectuar registo, para além da ordem e prazo para os registos, entre outros.

Para baixar o Regulamento click aqui




Estatuto do Jornalista
Lei n° 59/V/98 de 23 de Junho 
O Presente Estatuto tem por objecto regular o exercício da actividade de jornalista e dos equiparados a jornalista, definindo a condição profissional, estabelecendo os direitos os deveres e as responsabilidades inerentes a essa 
actividade. 

Ainda estipula o conceito e quem pode ser jornalista profissional, entre outros.

Para baixar o Estatuto click aqui



Ante Projecto dos Estatutos da Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde AJOC


A AJOC é uma organização sindical, sem fins lucrativos e integrada por profissionais da Imprensa, Rádio, Televisão, Agências Noticiosas e Jornais Electrónicos, a qual tem por objectivo promover a integração social e profissional de todos os jornalistas e equiparados


Para baixar o Estatuto click aqui



Regulamento da Carteira Profissional dos Jornalistas
Decreto-lei n.º 52/2004

A carteira profissional do jornalista é o documento de identificação do jornalista e de certificação do nome profissional, sendo título de habilitação bastante para o exercício da profissão e dos direitos que a lei lhe confere.

Os equiparados a jornalista profissional devem ser titulares de um cartão de identificação, emitido nos mesmos termos da carteira profissional, que titule a sua actividade e garanta o exercício dos direitos que a lei lhes confere.

Para baixar o Regulamento click aqui



Expavi vai lançar músicas novas - ouça um "cheirinho" aqui

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Meu amigo Expavi Lazarus está a preparar-se para lançar música nova no panorama musical do Hip-Hop Crioulo. Só lá para o fim deste mês de Junho é que deverá ter tudo pronto mas enviou-me duas músicas já misturadas para que eu seja o primeiro a ouvir e a dar-lhe minha opinião. Dá para sentir que o rapper se mantém firme e irreverente nas palavras. Se no seu álbum "Historia Knunka esh kontop” (2011) tinha uma filosofia e visão mais universalista, nestas músicas que fazem parte do seu EP (Exended Play) parece ter preocupações mais específicas e direcionadas. Novas opções.  

Por agora só posso partilhar 30 segundos das músicas para sentirem o que virá brevemente:


Vou logo avançando que estes sons não fazem parte do álbum cheio de classe que irá lançar em parceria com Hernâni Almeida. Estas músicas que enviou-me desde a América onde está a residir actualmente fazem parte de um EP da autoria apenas de Expavi que deverá conter cinco faixas. Ou seja, as pessoas (como eu) que estão sempre a insistir para ouvir o tão esperado álbum cheio de classe ainda vão ter que esperar. Pelo que sei esse trabalho em conjunto com Hernâni Almeida já está quase 90% pronto e está na mistura.

Trata-se de outro álbum que deve estabelecer um desafio musical. Há uns tempos atrás o Hernâni Almeida tinha-me convidado para ouvir as músicas deste CD lá no seu estúdio, no Mindelo. Ainda ele estava a desenvolver o projecto entretanto a ideia que sai de lá é que este álbum irá criar uma bela "confusão". Isto porque com a parte instrumental e tradicional com instrumentos acústicos do Hernani fundida com o rap e atitude intervencionista do Expavi, ainda correm o risco de concorrem nas categorias de "Música Tradicional" e "Hip-Hop" ao mesmo tempo. (Quando ouvirem o álbum poderão entender-me).   

Votos de sucessos, meu amigo.

Criativos de Cabo Verde: parem de minar o caminho aos jovens autores

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Para mim é triste ver criativos em Cabo Verde a defenderem a ideia de que os jovens não devem lançar livros. Entristece-me. 

A mensagem que esses criativos passam é de apoio à política de não apoiar a produção literária nacional. Estão a dizer aos políticos "Não vale a pena investir nos novos autores e se tiverem algum dinheiro devem canaliza-lo aos autores consagrados". Triste.

É ir completamente na contramão do que se faz em mercados literários de verdade. Veja-se o exemplo do Brasil. Apesar de terem grandes autores mundiais ainda continuam a apostar em financiar a publicação de novos e jovens autores através também de concursos.

Aliás, quem acompanha meu blogue deve ter notado os vários concursos que partilho aqui. Neste momento apenas publico os novos concursos internacionais neste Portal da Juventude de Cabo Verde. E estes são apenas os concursos em que os autores de Cabo Verde também podem participar.


Excelente. E sabem o que eles dão como justificativa?

“Os concursos literários sempre tiveram papel fundamental na revelação de novos talentos da literatura brasileira. Na década de 1930, o poeta alagoano Lêdo Ivo, morto em 2012, recebeu o primeiro impulso para sua carreira ao vencer uma disputa de contos da “Revista Carioca”, aos 14 anos. Anos mais tarde, Fernando Sabino e Clarice Lispector, ainda jovens e desconhecidos, pela primeira vez seriam reconhecidos pela mesma publicação…”


Meu apelo aos criativos de Cabo Verde: parem de tentar minar o caminho aos novos autores.

Para uma explicação melhor sobre meu ponto de vista nesta área, sugiro a leitura deste artigo em que discordo da ideia defendida pelo escritor caboverdeano Germano Almeida.

Documentário mostrará a arte e técnica do cavaquinho de Cabo Verde e seu construtor, Aniceto Gomes

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Cansado mas muito satisfeito. Foram cerca de 10 dias na ajuda à produção audiovisual para filmar o documentário com enfoque na arte e ofício do construtor de instrumentos musicais, Aniceto Gomes.

Todos trabalhando (incluindo eu, kkkkkk)

Tudo começou em 2014 quando meu amigo Rolf Johansson conheceu Mindelo e comprou uma guitarra na oficina do Aniceto. Adorou não só o instrumento mas também a forma de o produzir. Então decidiu convidar seu amigo Alexander Lindblad para o desafio de fazer um documentário poético sobre o processo de construção de instrumentos. A dupla veio da Suécia para se divertir no Mindelo e também fazermos equipa. De 25 de Junho a 7 de Julho de 2015 acompanhamos este criativo construtor de instrumentos e seus pupilos, sempre ao som da boa música acústica nacional.

Foram dias de convivência e aprendizado dentro e fora da oficina e várias horas de filmagens. Tentamos captar a arte e a técnica usada pelo Aniceto e acompanhar todo o processo de construção daquele instrumento que ele aposta mais forte para conquistar o mercado internacional: o cavaquinho.

Rolf prepara o microfone de lapela para Aniceto partilhar sua experiência na construção musical

Este trabalho pretende servir também como despertar para a importância deste instrumento no panorama musical caboverdeano. Interessante aprender que sua introdução poderá ter chegado de Portugal (naturalmente) ou de Brasil (numa trajectória contrária). De início sua presença foi mais discreta na nossa música, sendo apenas um instrumento para acompanhar. 

Entretanto, um dos grandes impulsionadores deste instrumento para a linha da frente nos concertos é sem dúvida o instrumentista, Bau (e também construtor de instrumentos). Porque Bau sentiu a necessidade de ter um cavaquinho que respondesse às suas necessidades, então ele mesmo teve que desenvolver, modificar e construir seu próprio modelo. É por isso que hoje se fabrica, basicamente, dois modelos de cavaquinhos em Cabo Verde: o modelo tradicional que é mais pequeno e o modelo Bau, mais grande e com a escala abaulada para permitir os solos mais velozes e furiosos.

Alexander capta as técnicas e artes do Aniceto para levar seus instrumentos cada vez mais longe


Este documentário também quer despertar a atenção de que numa zona de Mindelo, ilha de São Vicente (Cabo Verde) se constrói cavaquinhos capazes de subir nos maiores palcos do Mundo. Significa isso que, com investimento, capacitação e formação, é possível produzir-se cavaquinhos de alta qualidade e vendidos sob encomenda para competir com as melhores marcas disponíveis.

Aniceto no processo de acabamento do 'traço' do cavaquinho

O documentário agora vai para a sua fase de pós-produção e negociações para, inicialmente, ser exibido nos canais de televisão da Suécia e outras partes do planeta e arredores.

Enquanto não temos vídeos podes ver várias fotos da produção aqui

Mais novidades em breve...

Convite para a apresentação do meu livro ilustrado na Holanda e Portugal

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O autor, Odair Varela Rodrigues, (eu mesmo) apresento meu livro ilustrado “A fita cor-de-rosa” na Holanda.


Pois é, estarei no dia 20 de Setembro (domingo) na Casa da Cultura, em Baan 6, Roterdão, justim lá no prédio do Consulado Geral de Cabo Verde na Holanda. Marca no teu lembrete para as 14:30 de zondag (quer dizer domingo em holandês).


Mas também estarei em Portugal para sua apresentação. Será no dia 24 de Setembro (quinta-feira), nas instalações da Associação Caboverdeana (ACV), em Lisboa, na Rua Duque de Palmela n.º 2 – 8º - 1250-098 Marquês de Pombal.



A primeira edição do livro “A fita cor-de-rosa” foi lançada em 2014 na cidade do Mindelo [São Vicente – Cabo Verde] e vendeu todos os exemplares (ainda devo estar a gastar o dinheiro deste best-seller crioulo).



O enredo do conto "A fita cor-de-rosa" situa-se na nossa ilhota deserta e conta a estória de uma gata janota que reinava sozinha no local mas ansiava por um amor. Até um dia que consegue capturar um pombo cheio de cores que sempre quis comer. Mas antes de o devorar, o pombo promete-lhe que se o deixar partir iria voltar com um companheiro para amar. Trato feito, o pombo tempos depois regressa como prometido mas no final traz-lhe algo que não esperava...


Ah, já me ia esquecendo: o conto foi distinguido com “Menção Honrosa” no Concurso Lusófono de Trofa – Conto Infantil 2013, entre 252 outros textos de vários países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

A segunda edição foi apresentada na cidade da Praia [Santiago - Cabo Verde] em 2015 e distribuída por diversos pontos de venda pelo arquipélago e continuo à espera de ficar milionário com as vendas.

Esta apresentação na Holanda é feita em parceria com a STICHTING KAFUKA - Foundation for Capeverdean Art & Culture. Para mais contatos é só dar o Guy Ramos fala através de 0628753834.

Veja o vídeo feito em Roterdão para dar conta das apresentações na Europa:



Odair Varela em Roterdão (Escritor, jornalista e professor Universitário)
Posted by Editora Brial on Sábado, 12 de Setembro de 2015

O que diz quem leu “A fita cor-de-rosa”

Em seguida transcrevo as percepções de pessoas que tiveram contacto com o livro após sua publicação e que fizeram apreciações públicas:


“Este não é mais um livro para crianças mas sim O LIVRO para crianças” – Didier Tedesco (Produtor Cultural da Alliance Francaise do Mindelo)


“É nesta ambiguidade e no humor um pouco retorcido do autor que reside a originalidade e qualidade do livro. É nesta aparente inocência e simplicidade com que retrata a natureza humana e com que ao de leve aflora e história e a cultura desta ilhota deserta que está a beleza, a complexidade, e o mistério que encerra. E se este livro for capaz de despertar a curiosidade e as perguntas das crianças e dos jovens, e se obrigar os adultos a refletir antes de responder, terá cumprido integralmente a sua missão junto do seu público que, afinal, somos todos nós.”Ana Cordeiro (antiga directora do Centro Cultural Português do Mindelo – Instituto Camões)



“Um conto infantil fora do comum, sem uma moral final e bem definida e sem o clássico de Grimm ‘e viveram felizes para sempre’ (...) Mindelo agradece, Cabo Verde agradece, as crianças agradecem. A partir de agora sei mais uma história para contar minha filha ao deitar-se”Neu Lopes (Produtor e Realizador)






“Li e gostei. Fez-me lembrar a obra ‘O Principezinho’ [Antoine de Saint-Exupéry] por causa do lado do isolamento na nossa ilha e porque a personagem de ‘A fita cor-de-rosa’ ser parecida com o Príncipe que era solitário, inocente e, ao mesmo tempo, cheio de sabedoria”Hernâni Almeida (Músico)





Então fico a esperar a tua presença para dar apoio à Cultura de Cabo Verde.

A apresentação já foi notícia:






Apresentação do meu livro ilustrado "A fita cor-de-rosa" na Holanda

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Estive no dia 20 de Setembro de 2015 a apresentar meu livro ilustrado, "A fita cor-de-rosa", na cidade de Roterdão, na Holanda. (Para saber mais click aqui)

Partilho aqui algumas imagens da calorosa recepção da nossa comunidade para conhecer a obra e me dar um abraço de carinho, num evento realizado na Casa da Cultura, em Baan 6, Roterdão, no prédio do Consulado Geral de Cabo Verde na Holanda.


Um momento intenso e emocionante de partilhar minha obra com a nossa comunidade.

Meu profundo agradecimento aos amigos do STICHTING KAFUKA pelo carinho, amizade e disponibilidade para me ajudar a concretizar este momento especial.

Obrigado a todos que contribuíram e obrigado também a todos os que aceitaram o convite. Só gente simpática e bonita.












O apresentador, António Veríssimo




Cealdino Oliveira animou o início do evento com a sua boa música



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